Como Medir o Tamanho das Ondas: Entre a Física, a Tradição e a Tecnologia
- Luiza Casal de Rey
- 13 de mai.
- 3 min de leitura

Medir o tamanho das ondas é uma prática fundamental no surf, mas os métodos empregados podem gerar números diferentes. Enquanto a física nos ensina que a medição – baseada na amplitude, isto é, a oscilação entre os valores positivos e negativos em torno do nível zero – é exata, a forma de aplicar esses conceitos às ondas pode variar de acordo com o método utilizado e as características específicas de cada onda.
Métodos de Medição de Ondas
Método de Bascom: Desenvolvido pelo engenheiro e cientista Willard Newell Bascom, esse método mede a altura total da onda, do nível médio do mar até o topo da crista. Ele se aproxima da base da física, tratando a onda como uma oscilação mensurável por sua amplitude.
Escala Havaiana: Tradicionalmente usada no Havaí, essa escala mede a onda a partir da parte de trás. Em muitos recifes, como os de Teahupoʻo, a forma da onda é tal que a medida pela traseira é muito menor do que a parte surfável. Essa diferença não é apenas geométrica, mas também histórica: durante décadas, surfistas havaianos e de outras regiões debateram qual método seria o mais adequado, evidenciando uma rivalidade cultural. Assim, a escala havaiana surgiu tanto pela característica peculiar das ondas locais quanto pela "richa" entre diferentes comunidades de surf. Havaianos defendem sua tradição, enquanto surfistas de outras partes do mundo argumentam que medir a face da onda faz muito mais sentido. Afinal, quem já viu Teahupoʻo quebrando sabe que, se fosse medida por trás, pareceria minúscula – e acredite, ela está longe de ser pequena!
Escala da Face Surfável: Essa abordagem mede apenas a parte da onda que efetivamente será surfada, ou seja, da base até a crista pela frente. Do ponto de vista do surf, essa é a medida mais relevante, pois corresponde ao trecho onde os surfistas interagem com o mar. Se é ali que a adrenalina rola solta, por que medir de outro jeito?
A Base Física da Medição de Ondas
Na física (e no Sistema Internacional de Medidas), a medição é exata! Quando utilizamos métodos padronizados, como a análise da amplitude de uma onda – a diferença entre os picos positivos e negativos em relação ao nível médio –, os números não mentem. Mas, embora a matemática por trás da medição seja rigorosa, a aplicação prática no contexto das ondas do mar revela variações devido à forma como elas se formam e interagem com o fundo do oceano (as bancadas). Por isso, diferentes partes da onda (traseira e face), além de variações nos picos e ondulações, podem apresentar medidas bem distintas.
Desafios e Avanços Tecnológicos na Medição de Ondas
Durante muito tempo, medir ondas foi uma combinação de observação, imagens e especulação – o famoso "parece ter uns 6 pés". Mas hoje, com o avanço da tecnologia, temos ferramentas que eliminam o achismo e trazem precisão às medições.
Uma dessas inovações é o uso de drones para medir ondas com exatidão. Segundo uma matéria publicada no Surfer Today, pesquisadores desenvolveram um drone equipado com sensores que calcula a altura das ondas de maneira precisa, capturando a variação da superfície da água em tempo real. Outro método moderno envolve o uso de sensores ultrassônicos que conseguem mapear o relevo das ondas e fornecer dados altamente confiáveis. Com esses avanços, podemos finalmente chegar a um consenso sobre como medir as ondas – e, quem sabe, acabar com as discussões entre surfistas de diferentes lugares do mundo.
Embora a medição de ondas se baseie em princípios físicos exatos, a diversidade de métodos – e as peculiaridades de cada recife e onda – explicam as diferenças nos valores obtidos. Seja medindo a onda pela amplitude total ou apenas pela face surfável, o importante é compreender o contexto e a metodologia empregada. Com os avanços tecnológicos, como drones e sensores, estamos cada vez mais perto de um consenso! Afinal, a parte surfada da onda é uma só. E se podemos medir tudo com precisão, por que ainda insistir em medições feitas "a olho"? Talvez um dia os havaianos , australianos, brasileiros e o resto do mundo concordem. Até lá, seguimos surfando – independente do tamanho que quiserem chamar a onda!
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